Após ofensiva histórica de drones, diplomacia ensaia primeiros passos para uma trégua, mas divergências profundas mantêm a guerra ativa
Na sequência do maior ataque ucraniano com drones desde o início da guerra, representantes de Kiev e Moscou se encontraram na Turquia, em uma tentativa de conter a escalada do conflito. A ofensiva, realizada no último domingo, destruiu 41 aeronaves russas em bases militares a até 1.500 km da fronteira, causando um prejuízo estimado em US$ 7 bilhões. O ataque, descrito por analistas como uma ação no estilo “Davi contra Golias”, utilizou drones simples, avaliados em apenas US$ 500 cada.
Este ataque representou mais um capítulo na série de ações ousadas da Ucrânia contra alvos militares russos. Ao longo do conflito, Kiev tem apostado em táticas assimétricas para enfraquecer o poderio russo, demonstrando capacidade de operar profundamente no território inimigo, mesmo diante de desvantagens numéricas e tecnológicas.
Em meio a esse cenário, as negociações realizadas na Turquia buscaram estabelecer as bases para um cessar-fogo. Como gesto inicial, ambos os lados concordaram na troca de prisioneiros gravemente feridos com menos de 25 anos, além da devolução de aproximadamente 12 mil corpos de soldados mortos em combate.
Contudo, um acordo de paz ainda parece distante. De acordo com informações da Politico Europe, Moscou sugeriu um cessar-fogo parcial, limitado a determinadas regiões e com duração de apenas 2 a 3 dias. Em troca, exige concessões consideradas inaceitáveis por Kiev: o reconhecimento da anexação de cerca de 20% do território ucraniano, o fim da expansão da OTAN e o controle definitivo das áreas ocupadas.
Por outro lado, a Ucrânia insiste em um cessar-fogo total e imediato, com a presença de observadores internacionais para garantir sua efetividade. Além disso, o governo de Volodymyr Zelensky reitera que não aceitará qualquer perda territorial, mantendo como prioridade a recuperação integral de seu território soberano.
Enquanto isso, potências europeias intensificam a pressão por uma solução diplomática que contenha a escalada militar e evite novos episódios de destruição em larga escala. O impasse, porém, permanece: de um lado, a Rússia busca legitimar suas conquistas territoriais; do outro, a Ucrânia luta para reverter as ocupações e garantir sua integridade territorial.
O encontro na Turquia sinaliza uma abertura, ainda que tímida, para o diálogo, mas evidencia também o quão complexa e difícil será a construção de uma paz duradoura.
Da Redação do Mais55