O dado representa o maior avanço econômico do país em anos e consolida uma curva ascendente que começou em setembro de 2024
Após anos de profunda recessão e uma das inflações mais altas do mundo, a Argentina surpreendeu ao registrar um crescimento de 8% em abril de 2025 em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo o Índice Compuesto de Actividad (ICA) divulgado pela Bolsa de Comércio de Santa Fe.
O dado representa o maior avanço econômico do país em anos e consolida uma curva ascendente que começou em setembro de 2024. No acumulado dos últimos 12 meses, a expansão foi de 6,7%, reforçando a percepção de que a economia argentina vive um momento de virada.
Esse desempenho tem sido atribuído à agenda liberal do presidente Javier Milei, que desde a posse, no final de 2023, implementou um pacote radical de medidas: corte de gastos públicos, fim da emissão monetária, redução de impostos e ampla desregulamentação econômica. A estratégia, criticada por alguns setores, parece ter começado a mostrar resultados concretos.
Inflação despenca e mercado de trabalho reage
Outro dado emblemático da recuperação argentina é a queda vertiginosa da inflação. De um pico de quase 300% ao ano em 2023, as projeções agora indicam índices abaixo de 30% no segundo semestre de 2025, uma redução considerada histórica para o país, que há décadas convive com processos inflacionários crônicos.
O mercado de trabalho também apresenta sinais positivos. Em abril, a taxa de entrada no emprego cresceu 1,2%, enquanto a criação líquida de postos formais mantém alta desde julho de 2024, indicando uma reversão consistente da tendência de desemprego que marcou os últimos anos.
Previsões otimistas e desafios persistentes
As perspectivas para o restante de 2025 são otimistas: o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima um crescimento de 5,5% no PIB argentino, enquanto o Banco Mundial e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam números semelhantes. Se confirmadas, essas projeções colocarão a Argentina entre as economias que mais devem crescer neste ano.
Apesar dos avanços, o governo Milei ainda enfrenta desafios importantes. A arrecadação fiscal caiu 1,4% em abril em relação a março, embora o superávit primário tenha sido mantido — uma das principais bandeiras do presidente, que insiste no discurso de que o equilíbrio fiscal é “inegociável”.
Ritmo acelerado no início de 2025
Os dados do primeiro trimestre já mostravam um ritmo forte: crescimento de 6,7% em janeiro, 6,0% em fevereiro e 5,6% em março, consolidando a trajetória ascendente. Agora, com o resultado de abril, analistas apontam que o país pode ter deixado para trás o ciclo recessivo que atravessou boa parte da década passada.
Argentina como vitrine de políticas liberais
O caso argentino se transforma, assim, em uma espécie de vitrine para políticas de choque liberal na América Latina. Enquanto opositores alertam para os custos sociais das medidas — sobretudo em relação ao aumento da pobreza no curto prazo —, apoiadores de Milei destacam que o crescimento acelerado, a queda da inflação e o fortalecimento do mercado de trabalho mostram que o caminho adotado pelo governo é sustentável.
O futuro da economia argentina, entretanto, ainda dependerá de fatores internos e externos, como a estabilidade política, o cenário internacional e a capacidade do governo de manter o equilíbrio fiscal sem sufocar setores produtivos.
Da Redação do Mais55