A Generation Lab, empresa de pesquisas voltada à gen Z, lançou o app Verb.AI: um rastreador que paga US$ 50 por mês para acessar o que você consome, vê e navega no celular
Ganhar dinheiro só por existir online? Para muitos jovens da Geração Z, isso já é uma realidade. O mais recente exemplo vem do app Verb.AI, criado pela empresa de pesquisa Generation Lab, que promete pagar US$ 50 mensais (cerca de R$ 270) a quem aceitar compartilhar o que consome, vê e navega no celular.
A lógica é simples: o app rastreia o comportamento digital dos usuários e, a partir disso, cria um “gêmeo digital” — uma espécie de avatar anônimo que replica os hábitos de consumo, preferências e interesses de cada pessoa.
Esse gêmeo não serve apenas para fins estatísticos. Ele alimenta uma plataforma de IA, semelhante ao ChatGPT, onde empresas podem fazer perguntas como:
“Onde mulheres de 20 a 30 anos se informam?”
E o gêmeo digital responde com base em dados reais, coletados diretamente da rotina online dos participantes.
Abertos ao rastreamento
Esse tipo de iniciativa encontra terreno fértil entre os mais jovens. Segundo dados da eMarketer, 88% da Geração Z está disposta a compartilhar informações com redes sociais. Mais do que isso: um terço (33%) não se importa em ser rastreado por aplicativos, um número bem maior do que o registrado entre gerações anteriores (22%).
Para o Verb.AI, a chave está na combinação de consentimento, anonimato e, claro, compensação financeira. O projeto aposta que o futuro da pesquisa de mercado pode estar justamente nesse modelo: pagar pelas informações de maneira clara, transparente e voluntária.
O dado virou produto
Esse movimento não surge do nada. O mercado global de dados já é um gigante: estima-se que vai movimentar mais de US$ 560 bilhões até 2029.
Se antes o debate sobre privacidade se concentrava no medo de ser rastreado sem saber, agora a narrativa começa a mudar:
“Se vão usar meus dados, que ao menos me paguem por isso.”
Para muitos jovens, vender o próprio comportamento digital virou uma espécie de bico, um extra que se encaixa perfeitamente na rotina hiperconectada e no desejo por autonomia financeira.
Muito além do Wi-Fi
Esse fenômeno sugere uma virada cultural. A ideia de “plano de dados” ganha um novo significado: não se trata apenas de 4G, 5G ou Wi-Fi, mas sim do valor intrínseco das informações que cada um gera ao navegar pela internet.
No centro disso tudo está uma pergunta provocativa:
Você venderia seus dados por 50 dólares por mês?
Para a Geração Z, a resposta, ao que tudo indica, é um sonoro sim.