Agentes passavam anos por aqui construindo uma identidade limpa — abrindo CNPJs, namorando, falando português fluente — para depois seguir às operações nos EUA, Europa ou Oriente Médio
Nome falso, sotaque treinado, empresa de fachada e CPF original. Durante anos, agentes da inteligência russa usaram o Brasil como trampolim para missões clandestinas em outros países, com passaportes legítimos, sotaques convincentes e vidas inteiras montadas do zero.
Foi isso que revelou uma reportagem do The New York Times. Agentes passavam anos por aqui construindo uma identidade limpa — abrindo CNPJs, namorando, falando português fluente — para depois seguir às operações nos EUA, Europa ou Oriente Médio.
Tudo começou com um alerta da CIA
Em abril de 2022, a agência americana avisou a PF que um agente russo disfarçado de brasileiro tentava um estágio no Tribunal Penal Internacional, bem quando o órgão começava a investigar crimes de guerra da Rússia na Ucrânia.
Ao mesmo tempo, a PF se deparou com a história de Gerhard Daniel Campos Wittich — ou Artem Shmyrev —, um espião russo que se passava por empreendedor carioca.
Shmyrev tinha contratos com grandes empresas (incluindo TV Globo e Forças Armadas), mas nunca deixava o computador ligado na internet e viajava com frequência sem dizer para onde.
Quando a PF começou a desconfiar, ele já tinha sumido. Disse que ia viajar por um mês para a Malásia… E nunca mais voltou.
Era o ponto de partida da Operação Leste, que busca estrangeiros com documentação legítima, mas sem passado rastreável. Pelo menos 9 agentes russos foram descobertos sob ID brasileiras. Dois deles foram presos, e os outros desapareceram.
O escândalo não pegou bem… Para parte dos investigadores e diplomatas envolvidos, a ação está sendo vista como uma traição russa às relações diplomáticas amigáveis que o Brasil tem com o país.
Da Redação do Mais55/Com informações do The News