Mercado ilegal bate recorde e movimenta R$ 471 bilhões; avanço é impulsionado pelo e-commerce e pelo crescimento das apreensões de cigarros eletrônicos
O mercado ilegal no Brasil alcançou patamares históricos em 2024, com prejuízos econômicos que somaram R$ 471 bilhões — um crescimento de 27% em relação ao ano anterior, segundo levantamento da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF). O dado revela o avanço do contrabando, da pirataria, da falsificação e da sonegação fiscal no país.
O que chama a atenção é que o produto mais contrabandeado não é um item proibido, mas sim legalizado: o cigarro. Responsável por 40% das apreensões realizadas pela Receita Federal, o contrabando desse produto gerou perdas de R$ 10,5 bilhões em 2024.
Grande parte desse comércio ilegal tem origem no Paraguai, de onde vêm cerca de 85% dos cigarros contrabandeados. Esses produtos chegam ao mercado brasileiro com preços até 60% menores que os cigarros legalmente produzidos no país, o que impulsiona o consumo e alimenta o mercado ilícito.
Outro destaque foi o crescimento exponencial das apreensões de cigarros eletrônicos. Em apenas um ano, os valores apreendidos saltaram de R$ 61,8 milhões em 2023 para R$ 179,4 milhões em 2024 — um aumento de 190%.
Além de alimentar o crime organizado e representar riscos à saúde pública, o contrabando afeta diretamente a economia formal, prejudicando a arrecadação de impostos que financiam serviços essenciais como saúde, educação e segurança. O mercado ilegal também mina a concorrência leal, criando um ambiente de negócios hostil para empresas que operam de forma regular.
Um fator determinante para o avanço desse mercado foi o crescimento do e-commerce. Antes da pandemia, apenas 10% das vendas ilegais aconteciam pela internet. Hoje, essa fatia já representa 36%, com estimativas de perdas superiores a R$ 100 bilhões anuais.
Especialistas defendem que o combate ao contrabando exige uma combinação de medidas: reforço na fiscalização, cooperação internacional, educação do consumidor e atualização das políticas tributárias e regulatórias para tornar o mercado formal mais competitivo e seguro.
Da Redação do Mais55