Atualmente, quase metade da população adulta está inadimplente, com 75,7 milhões de brasileiros endividados — um crescimento de 3,8% em relação a 2024
Apesar do crescimento de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2025, divulgado nesta segunda-feira (19) pelo Banco Central, os efeitos desse avanço ainda não chegam ao bolso da maioria dos brasileiros. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a alta é de 3,7%, puxada principalmente pelo setor de serviços.
No entanto, o retrato da economia real é bem mais duro.
Atualmente, quase metade da população adulta está inadimplente, com 75,7 milhões de brasileiros endividados — um crescimento de 3,8% em relação a 2024. O valor médio das dívidas ultrapassa R$ 1,5 mil, e o total acumulado já soma impressionantes R$ 438 bilhões, uma alta de 13% em um ano.
Inflação, juros e desigualdade: a tempestade perfeita
O cenário de endividamento é resultado direto de uma combinação indigesta: inflação persistente, juros altos e crescimento desigual. O IPCA acumula alta de 5,53% em 12 meses, enquanto a taxa Selic permanece em 14,75%, o maior patamar em quase duas décadas.
Essa combinação pressiona o orçamento das famílias, encarece o crédito e torna quase inevitável a inadimplência. Hoje, 27,2% da renda média do brasileiro está comprometida com dívidas — muitas delas feitas em modalidades com juros altíssimos, como o cartão de crédito rotativo e o cheque especial.
Segundo os dados, as principais dívidas vêm de bancos, cartões e contas básicas, como água, luz e gás, representando 28,5% do total.
Comida cara, bolso vazio
Enquanto o PIB sobe, a fome e o custo de vida apertam. Um levantamento recente mostra que 70% da população não consegue comprar uma cesta básica com alimentos saudáveis. O custo mensal por pessoa é de R$ 432 — o equivalente a mais de 21% da renda média nacional.
E agora?
Para o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a expectativa é de que os juros permaneçam altos até o fim de 2025. A previsão agrada investidores estrangeiros, mas acende um alerta para a população, que já lida com crédito caro, baixa renda e alta inadimplência.
O crescimento econômico está aí, mas a pergunta segue no ar: crescimento para quem?
Da Redação do Mais55