Novo exame vai servir também para ingresso na residência médica
O Ministério da Educação divulgou nesta quarta-feira 23, um novo modelo de avaliação dos cursos de medicina. Batizado de Exame Nacional da Formação Médica (Enamed), a prova prevê mudanças no Enade (o Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes), que passa a ser específico para a os formandos em medicina, com critérios diferentes dos outros cursos.
As principais mudanças estão na forma da avaliação. A prova passará a ser anual e irá conter 100 questões objetivas, de múltipla escolha, considerando as sete áreas previstas nas Diretrizes Nacionais Curriculares (clínica médica, cirurgia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Medicina da Família, saúde mental e coletiva).
Além disso, os formandos inscritos poderão utilizar a nota do exame para compor a nota de admissão na residência médica, uma medida que, segundo o MEC, deve aumentar o interesse pelo teste. O Exame Nacional de Residência (Enare), contudo, seguirá sendo realizado.
“Podemos ter tantos os alunos concluintes, como outros médicos já formados interessados em participar desses processos seletivos. Os resultados vão servir tanto para avaliar os cursos de medicina, quanto para subsidiar os processos de seleção [do Enare)”, explicou o Diretor de Avaliação do Inep, Ulisses Tavares Teixeira, em cerimônia do lançamento do novo modelo.
A medida vale a partir desse ano. O Inep estima que 42 000 estudantes irão se inscrever no Enamed 2025, com aplicação em 200 municípios do Brasil. A prova deve ser aplicada em outubro.
“Vamos poder avaliar as insitutições para corrigir os rumos”, garantiu Camilo Santana, ministro do MEC.
Resultados do Enade 2023
A média nacional dos estudantes de medicina no Enade 2023 foi de 65 pontos, em uma escala que vai de zero a 100. O exame é composto por 40 questões (30 perguntas de conhecimento específico e uma de conhecimento geral). Cerca de 31 000 estudantes fizeram a prova em 2023, ano cujo resultado foi divulgado recentemente.
Atualmente, 262 inistituições de ensino superior participam do Enade, ofertando 305 cursos de medicina em todo país. Os formandos de algumas instiuições públicas, como USP, Unicamp e Unesp não partricipam do teste.
O Inep convocou uma comissão para avaliar o desempenho dos alunos e dos cursos de medicina, com o objetivo de traçar um desempenho esperado e determinar se o resultado geral refletia uma boa qualidade do ensino. Assim, 196 dos cursos ficaram dentro da faixa esperada, 70 tiveram desempenho acima da média e 39 apresentaram resultados insatisfatórios.
As inistituições privadas com fins lucrativos e as públicas de caráter municipal concentram a maior parte dos resultados negativos.
Exame no meio do curso
O ministro da Educação, Camilo Santana, informou que uma segunda etapa do Enamed deve ter provas para estudantes que estão no meio do curso de medicina. O chamado exame do progresso, que avalia como cada aluno está avançando em sua formação. Não ha previsão, contudo, para que a medida seja implementada.
O anúncio acontece em meio a uma discussão sobre o melhor modelo de avaliaçao para os cursos de medicina no Brasil. Tido como joias da coroa pelas instituições privadas, eles são os mais lucrativos, já que a mensalidade gira em torno de 10 000 reais e a demanda é garantida.
O minsitro da Saúde, Alexandre Padilha, que também participou da cerimônia, alfinetou os cursos privados, que não são bem avaliados pelo MEC. “Boa parte da formação médica é paga, tem mensalidades, tem que ter um olhar sobre essa instituição formadora. Porque senão ela vai continuar faturando com suas mensalidades enquanto oferece uma baixa qualidade na formação”, afirmou.
Residência médica
O decreto publicado hoje também prevê a institucionalização do Enare, medida criada em 2020, que passou a ser aplicada para a seleção dos alunos de residência que era feito de maneira informal pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
O modelo pode ser comparado ao Sisu, o Sistema de Seleção Unificada do Enem, em que o aluno recebe a nota e pode escolher nacionalmente a instituição onde irá cursar a sua especialização. Há cotas para negros, quilombolas, indígenas, portadores de deficiência física.
A vinculação entre os dois testes vai permitir que a inscrição para o Enare ofereça também a opção pelo Enamed. A nota obtida no exame realizado na conclusão do curso será automaticamente considerada para ingresso no processo de residência. “Naturalmente só para as vagas diretas, que são a maioria das vagas ofertadas”, explicou Arthur Chioro, presidente da Ebserh.
No ano passado, 56 541 prestaram o Enare, sendo que 91% fizeram a prova de acesso direto. Cerca de 38 000 candidatos foram aprovados.
Exame do Conselho
A presidente da Comissão de Educação do Senado Federal, Teresa Leitão (PT-PE) lembrou do Projeto de Lei que institui um exame de proeficiência para o exercício da medicina no Brasil, a exemplo do que ocorre no caso dos advogados, que precisam fazer a prova da OAB.
A proposta, encampada pelo Conselho Federal de Medicina, já passou pela comissão de Educação do Senado, mas terá de passar por audiências públicas, para seguir adiante no Congresso. A intençao principal é ouvir o MEC.
Asssociação Brasileira de Ensino Médico é contra a medida porque ela tiraria a responsabilidade das instituições de ensino superior, repassando-a para o aluno que teria de correr atrás de uma melhor formação para se credenciar junto ao Conselho e obter a licença para exercer a profissão.
Da Redação do Mais55/Com informações do Veja
