Foram apreendidos R$ 600 mil em endereços alvos da operação; R$ 20 milhões foram bloqueados pela Justiça. Prefeito ganhou fama com vídeos chamativos, utilizando técnicas de marketing e desinformação, que lhe renderam milhões de seguidores na internet
A Polícia Federal fez na manhã desta quinta-feira (10) uma operação para desarticular uma organização suspeita de desvios de recursos públicos na área da saúde. Entre os alvos, está o prefeito de Sorocaba, município do interior de SP, Rodrigo Manga (Republicanos).
Foram expedidos 28 mandados de busca e apreensão em 13 cidades do estado de São Paulo e da Bahia. Não há mandados de prisão.
As equipes da Operação Copia e Cola estiveram na sede da Prefeitura Municipal de Sorocaba (SP), na casa e no gabinete do prefeito, na Secretaria de Saúde da cidade, no Diretório Municipal do partido e na casa do ex-secretário da saúde, Vinicius Rodrigues.
Eleito em 2020 para comandar a prefeitura depois de dois mandatos de vereador, Rodrigo Manga era vendedor de veículos em uma rede de lojas de Sorocaba. Ele começou a ficar popular ao aparecer em vídeos anunciando os veículos.
Com formação em marketing, ele ficou famoso e ganhou milhões de seguidores nas redes sociais ao investir em publicações sobre seu mandato e a cidade de Sorocaba com vídeos curtos e chamativos para a internet. Há posts com desinformação e que são questionados pelo Ministério Público. A popularidade de Manga cresceu e ele vinha recebendo vários convites para participar de programas de rádio e TV pelo país.
R$ 600 mil apreendidos e R$ 20 milhões bloqueados
Além do suposto envolvimento do ex-secretário Vinicius Rodrigues, está sendo investigada a participação do ex-secretário de Governo e Administração Fausto Bossolo, que deixou o governo em 2022.
Bossolo foi condenado na ação que investigou o superfaturamento de mais de R$ 10 milhões na compra do prédio particular que seria usado sediar a Secretaria de Educação (Seduc), no bairro Campolim, em Sorocaba.
O envolvimento do empresário Marco Silva Mott, amigo do prefeito, também é investigado pela polícia. Conforme apurado pela TV TEM, ele é suspeito de ser lobista e de lavar dinheiro em diversos contratos da prefeitura. Na casa dele, foram apreendidos três carros nesta quinta-feira (10).
Mott também é investigado na área cível no caso da compra superfaturada do prédio da Seduc.
Foi determinado ainda, pela Justiça, o sequestro de bens e valores que totalizam R$ 20 milhões e a proibição de uma Organização Social (OS) investigada de ser contratada pelo poder público.
A OS investigada é a Aceni, que fez a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden e, atualmente, faz a gestão da Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Oeste. O presidente da Aceni também foi alvo da operação. Policiais cumpriram mandados na cidade de Socorro (SP).
Conforme apurado pela TV TEM, pelo menos R$ 600 mil em espécie foram encontrados nos endereços alvos da operação. Parte do dinheiro estava em uma caixa, dentro de um porta-malas de um veículo. Não há informações sobre a quem pertence o dinheiro apreendido.
Em vídeo postado no Instagram após a operação, o prefeito disse não ter medo de nenhuma autoridade incomodada com sua ascensão e debochou da ação policial.
Manga também disse que não sabe se ele é investigado na operação ou indiciado, e que a polícia levou apenas a cópia da chave do carro dele que estava no gabinete.
O prefeito também comentou sobre os objetos apreendidos. “Nenhuma daquelas imagens, nem dinheiro, nem Porsche, nem metralhadora, são da minha casa”, argumentou.
Rodrigo Manga se disse perseguido em função da sua ascensão nos últimos meses. Entretanto, ele comentou que a operação é legítima, mas que parte das forças policiais e da Justiça é eleitoreira, e que foi um ato político pontual. Também lembrou que a investigação é de 2022 e que, à época, foi aberto um procedimento para investigar o caso. Ainda conforme o prefeito, não há uma conclusão sobre os trabalhos.
O prefeito de Sorocaba também foi questionado sobre outros escândalos que ocorrem no seu governo, incluindo a compra de um prédio, com superfaturamento de R$ 10 milhões, já com sentença da Justiça, na qual dois secretários da gestão 2021/2024 foram condenados a prisão, e da compra de kits de robótica, no valor de R$ 26 milhões, em que, a pedido do MP, a Justiça bloqueou as contas de Rodrigo Manga.
Sobre isso, disse que os processos estão caindo e que o Tribunal de Contas julgou suas contas regulares. “Aquilo que está no poder público está sujeito a isso. Tá sujeito à exposição, tá sujeito a denúncias, e nós temos que superar isso.”
A Prefeitura de Sorocaba informou colaborar com as autoridades para a investigação e apontou ver “forças ocultas” que, segundo a nota, “se levantarem contra representantes que se projetam como uma alternativa ao sistema e dão voz ao povo”.
O ex-secretário da saúde, Vinicius Rodrigues, declarou que não foi responsável por nenhuma das contratualizações entre a organização investigativa e a Prefeitura de Sorocaba e que durante a sua gestão, a lei municipal determinava que qualquer contratação acima de R$ 1 milhão de reais fosse realizada diretamente pelo prefeito que administrava a cidade.
Da Redaçãod do Mais55/Com informações do G1