🐶 O resultado são animais com visuais únicos, personalidades surpreendentes e, às vezes, desafios inesperados
Você já ouviu falar nos chamados cães híbridos? A tendência de cruzar raças diferentes — seja por estética, comportamento ou até mesmo por acidente — vem ganhando força entre tutores de pets ao redor do mundo. O resultado são animais com visuais únicos, personalidades surpreendentes e, às vezes, desafios inesperados.
Apesar de muito populares, esses cães ainda são oficialmente considerados SRDs (sem raça definida). Isso porque, segundo a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), sem um pedigree comprovando a linhagem pura, não é possível registrar essas misturas como raças reconhecidas.
Na prática, no entanto, o que vemos é o surgimento de verdadeiras “marcas registradas” entre os híbridos. Nos Estados Unidos, eles são chamados de designer breeds, quando o cruzamento é feito de forma planejada para unir o melhor de duas raças. Foi assim que nasceram, por exemplo, os famosos labradoodles (labrador + poodle) e goldendoodles (golden retriever + poodle), pensados inicialmente para criar cães hipoalergênicos com temperamento dócil.
Muito além da estética
Hoje, o objetivo muitas vezes é estético ou comportamental, mas nem sempre foi assim. Originalmente, a mistura de raças era usada para fins práticos, como melhorar habilidades de caça, pastoreio ou guarda. Com o tempo, o foco passou a ser o temperamento e a aparência — o que nem sempre traz resultados previsíveis.
“O cruzamento pode gerar filhotes com características inesperadas, tanto físicas quanto comportamentais”, alerta o médico-veterinário Rafael Rossetto, PhD em reprodução animal. “Mas quando feito com critério — observando saúde, temperamento e genética —, pode sim trazer ótimos resultados.”
Ainda assim, especialistas reforçam que é fundamental acompanhamento profissional, especialmente quando os pais são de portes muito diferentes. Cruzar, por exemplo, um macho de grande porte com uma fêmea menor pode causar complicações no parto.
Quando o cruzamento é acidental
Na maioria dos casos, porém, os cruzamentos nem são planejados. Isso acontece quando animais de diferentes raças não são castrados e convivem juntos — muitas vezes dentro da mesma casa.
Foi o que aconteceu com os cachorros do estudante de jornalismo Kauã Magalhães, de 21 anos. Ted, um caramelo que já carrega traços de pitbull e fila, acabou gerando filhotes com Pandora, uma husky siberiano pura. O resultado? Uma ninhada com variações inusitadas de cores, tamanhos e comportamentos. “Felizmente, consultei um veterinário e todos os filhotes estavam saudáveis. Mas agora estou mais atentos para evitar que aconteça de novo”, conta Kauã.
A tarefa de doar os filhotes foi longa, mas ele fez questão de encontrar tutores responsáveis. “A preocupação era garantir que cada um fosse para um lar onde recebesse os cuidados certos. Não é só dar e pronto.”
Adoção e cuidados redobrados
Cães híbridos podem exigir mais atenção, especialmente nos primeiros meses de vida. “É importante acompanhar o desenvolvimento físico e comportamental do filhote, já que alterações genéticas podem surgir de forma imprevisível”, explica Rossetto. Monitorar eventuais problemas respiratórios, articulares ou até mesmo no temperamento pode fazer toda a diferença para a saúde do animal.
Um exemplo disso é o american bully, raça que surgiu a partir de cruzamentos planejados entre cães do grupo terrier e bulls. Por ainda estar em fase de consolidação, essa raça exige cuidados específicos com alimentação, respiração e articulações.
Quando o visual conquista
Misturar raças pode gerar surpresas encantadoras — como é o caso de Willy, um cão que viralizou nas redes sociais. Filho de um golden retriever com uma pastora alemã, ele chama atenção pela aparência marcante: pelagem dourada, orelhas eretas e um porte imponente, herança dos dois pais de grande porte. A dona, Harley Kate, compartilhou no TikTok o sucesso que Willy faz na vizinhança, com seu temperamento gentil e visual único.
Misturar raças, portanto, pode sim ser uma boa ideia — desde que feita com responsabilidade, acompanhamento veterinário e a consciência de que cada filhote será único em personalidade, aparência e necessidades.
Da Redação do Mais55