Relatos de sintomas como diarreia, náuseas e vômito cresceram na Baixada Santista entre o fim e o início do ano. Médicos infectologistas detalham ação dos vírus e orientam sobre tratamento.
A Baixada Santista, no litoral de São Paulo, começou 2025 com um surto de virose. A situação gerou debates sobre o saneamento e o tratamento de esgoto na região e, na prática, lotou unidades de saúde e farmácias, que sofrem com a escassez de medicamentos. Diante do cenário, o g1 entrou em contato com médicos infectologistas, que orientaram sobre os tratamentos adequados para os sintomas.
A Prefeitura de Guarujá acredita que o aumento dos casos de virose pode estar relacionado à contaminação do mar por esgoto clandestino. Diante dessa hipótese, a Sabesp foi notificada sobre vazamentos. Além disso, amostras de água da Praia da Enseada foram enviadas ao Instituto Adolfo Lutz para investigar a origem do problema.
O médico infectologista Evaldo Stanislau explicou que a virose é um termo genérico usado para definir doenças causadas por vírus. Segundo ele, o termo é consagrado popularmente para descrever situações em que muitas pessoas ficam doente ao mesmo tempo, com apresentação clínica parecida.
As viroses geralmente afetam o trato gastrointestinal [sistema digestivo], provocando sintomas como diarreia, náuseas, vômitos, cólicas e febre. A duração pode variar de um dia a uma semana, e a desidratação pode ser classificada como leve, moderada ou severa.
Stanislau ressaltou que os agentes etiológicos das viroses se transmitem com grande facilidade de pessoa para pessoa. A transmissão ocorre por meio de alimentos contaminados, superfícies de preparo de alimentos e pelo contato das mãos não higienizadas com a boca.
O infectologista Leandro Curi destacou que diversos vírus podem causar sintomas gastrointestinais, como por exemplo o rotavírus, o adenovírus e o norovírus. No caso das viroses, a transmissão geralmente está associada a ‘surtos’ como o observado na região.
Questionado sobre a possível contribuição das aglomerações de fim de ano para o cenário, Curi respondeu que é difícil afirmar, pois o vírus causador ainda é desconhecido, embora haja suspeitas.
“Provavelmente, sim. Quantos mais pessoas infectadas, maior a chance de transmissão, se for transmitido por gotículas, por exemplo”, explicou.